segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A PRAIA


A praia, o sol, o sal, o ceu
o misto de cores, de sons, de cheiro
os olhares insípidos
os toques inodoros
os beijos incolores
as faces que somem meio ao areal
vidas que se escondem embaixo de guarda-sois
vidas...
latentes vidas rasas, fundas, secretas, autônomas...
a realidade que surge pelos poros da mentira
suor de verdades que fede ao olfato alheio.
Ah, a praia...

SONÂMBULO


 
















Não acordei.
E num súbito movimento de impulso,
caminhei por entre os móveis.
Minha memória axiliava-me a não tropeçar.
Os olhos ainda fechados
davam-me a segurança precisa
De não enxergar o mundo como é.
Voltei, rapidamente voltei
como se algo errado tivesse e deitei.
A voz da realidade me chamara novamente.
Ela não me deixara ver outro além...

domingo, 1 de novembro de 2009

VIDA













Camuflou-se nossa sensatez
Esconderam nossas certezas
Castraram-se minhas dúvidas
Mascararam seu lindo rosto 
Enquanto eu acreditava na vida.

 Instigaram todos os meus planos
Calcularam-se nossos movimentos
Roubaram nossas poucas verdades
Destruíram-se meus sonhos
Enquanto eu acreditava na vida.

Nada consegui fazer
Enquanto eu acreditava na vida.


Claro escuro


Onde está o medo?
No que vê e não toca?
No que toca quando não vê?
Está no claro escuro
Na verdade que amedronta
Na nova forma de viver
De ver o mundo ver você


Tudo de tão óbvio, de tão claro
Alimenta uma nítida cegueira


Está claro ou escuro?
Claro escuro!
Misto da luz inalcançada
Com uma frígida verdade
Do que se é sem se ver.

Diálogo


- ..................
Sei...
- ...................
- Hummm...
- ..................
- É?
- .................
- É!!
- .................
Ah, tá.